sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Potência da Arte

Madame Flores- Eli Heil

Parágrafos do texto: Por uma educação potente- Portal Cronópios
Por Eliana Pougy

Para Deleuze e Guattari (2000), as imagens do pensamento podem se materializar tanto em conceitos filosóficos, como em teorias científicas e em obras de arte porque o pensamento possui três planos de criação: o plano de consistência da filosofia, que cria conceitos, o plano de referência da ciência, que cria teorias, e o plano de composição da arte, que cria obras de arte. Esses três planos, ao invés de separados, estão em constante inter-relação, em constante troca. Além disso, aos três planos se contrapõe um plano desestratificado, formado por fluxos, o quase-caos (DELEUZE, GUATTARI, 2000).
Entre as imagens do pensamento, uma obra de arte pensa através de perceptos e afectos. Perceptos e afectos são percepções e afeições arrancadas de um objeto ou um sujeito percipiente, são paisagens, rostos, devires. Uma obra de arte é um ser de sensação, é a criação de uma forma conceitual, visual ou existencial que possibilita a materialização daquilo que está em germe no Sensível. Ela é uma passagem para o sensível.
Um artista, um ser da expressão que se atualiza ao criar uma obra de arte, não é aquele que está doente ou está possuído por uma psicose, não é ele quem precisa ser analisado. Pelo contrário, ele é um sujeito coletivo que viu demais e tornou visíveis os sintomas de uma sociedade. Ele cura os males do mundo pelo rompimento com os sistemas de controle da linguagem, pela destruição de regras sintáticas e gramaticais e por tornar atuais os enunciados virtuais que existem potencialmente no ruído da linguagem maior. Por tudo isso, Deleuze afirma que a Arte é a nossa Saúde, e o artista, o nosso médico, mas também o nosso pervertido, porque ele subverte a linguagem (DELEUZE, 1997).
Quando uma obra de arte é criada, surge uma figura estética, pura potência de afectos, que foi percebida pelo artista. Essa figura, que devém metamorfoseada em símbolo, age no mundo da obra. Ela é um devir sem rosto que formula enunciados virtuais e que faz parte de um povo fraterno e sem história, ainda por vir. Ela é sempre um combate, um jogo de forças, um tudo de vontade, mas não é uma guerra. Uma figura estética não é uma vontade de destruição, nem um juízo que converte destruição em “justiça”. Ela é um combate porque é uma poderosa vitalidade não-orgânica que completa a força com a força e enriquece aquilo de que se apossa. Ela é um centro de metamorfose. Uma figura estética é sempre cruel, embriagada, vital, potente (DELEUZE, GUATTARI, 2000).

Nenhum comentário:

Postar um comentário