quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mulher no espaço

"Mulher no Espaço"-
Raquel Sabota


Me deixo seduzir
pelas ideias...
pelas pessoas...
pelos aromas...
pelos odores...
pelas cores...
pelas formas...
Que me libertam!




"Mulher no espaço" - Eli Heil

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Kitsch


Por Raquel Sabota

Inspirada na estética do documentário do apresentador Abelardo Barbosa (o vulgo Chacrinha) numa das reuniões de formação de professor na Escola Sarapiquá, surgiu o desejo de experimentar, de fazer, de refletir e questionar o que é brega?? O que é ser cafona??? Porquê os rótulos???? Será que não é uma questão de perspectiva, de ponto de vista, ou seja, de multiplicidade de olhares???E o “cafona” se vê como cafona?? Ou será que cafona somos nós perante o olhar dele??
“Se o apolíneo se fecha em sua perspectiva, o dionisíaco abre-se a outras, daí estar mais próximo do perspectivismo, essa teoria do conhecimento do Nietsche que busca significados profundos pela multiplicidade de olhares sobre uma mesma coisa” (Claret, Martin, Para além do bem e do mal, Nitzsche,2008,p.12).
Partindo desse princípio veio a seguinte questão: Como articular esses questionamentos sobre a figura do Chacrinha com o conhecimento de artes? Imediato veio essa confirmação: O Chacrinha é Kitsch! Esse termo kitsch é utilizado para designar o “mau gosto” artístico e produções consideradas de qualidade “inferior”, utilizo os termos “mau gosto e inferior” com todo o respeito e sob outra perspectiva, a perspectiva do interessante e do provocativo, não desmerecendo o significado dessa tendência. É de mau gosto, porque não está dentro de padrões estabelecidos pela nossa sociedade? O conceito de Kitsch aparece no vocabulário dos artistas e colecionadores de arte em Munique, em torno de 1860 e 1870, com base em kitschen, [atravancar], e verkitschen, [trapacear] (vender outra coisa no lugar do objeto combinado), o que denota imediatamente o sentido pejorativo que o acompanha desde o nascimento. O nascimento do Kitsch é localizada no romantismo pela ênfase observada na expressão dos sentimentos e das emoções (quem nunca viu o pingüim em cima da geladeira das casas das avós, os bonecos dos sete anões nos jardins da casa, objetos pendurados no espelho do carro, o kichute, a conga, foto antiga do casal pendurada na parede, certificado de curso pendurado na parede, coleção de souvenirs-adoroooooooo) o que na literatura, por exemplo, toma forma do melodrama e da literatura popular, quer exemplo melhor que aqueles romances de livraria: Sabrina. Negação do autêntico, cópia e artificialidade são os significados freqüentemente associados aos objetos e produções kitsch, encontráveis tanto nas artes visuais, na literatura e na música, quanto no design e na profusão de produtos que cercam o cotidiano: souvenir turístico, miniatura, adorno, objetos de decoração e devoção, talismã religioso e muitos outros objetos e elementos decorativos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Potência da Arte

Madame Flores- Eli Heil

Parágrafos do texto: Por uma educação potente- Portal Cronópios
Por Eliana Pougy

Para Deleuze e Guattari (2000), as imagens do pensamento podem se materializar tanto em conceitos filosóficos, como em teorias científicas e em obras de arte porque o pensamento possui três planos de criação: o plano de consistência da filosofia, que cria conceitos, o plano de referência da ciência, que cria teorias, e o plano de composição da arte, que cria obras de arte. Esses três planos, ao invés de separados, estão em constante inter-relação, em constante troca. Além disso, aos três planos se contrapõe um plano desestratificado, formado por fluxos, o quase-caos (DELEUZE, GUATTARI, 2000).
Entre as imagens do pensamento, uma obra de arte pensa através de perceptos e afectos. Perceptos e afectos são percepções e afeições arrancadas de um objeto ou um sujeito percipiente, são paisagens, rostos, devires. Uma obra de arte é um ser de sensação, é a criação de uma forma conceitual, visual ou existencial que possibilita a materialização daquilo que está em germe no Sensível. Ela é uma passagem para o sensível.
Um artista, um ser da expressão que se atualiza ao criar uma obra de arte, não é aquele que está doente ou está possuído por uma psicose, não é ele quem precisa ser analisado. Pelo contrário, ele é um sujeito coletivo que viu demais e tornou visíveis os sintomas de uma sociedade. Ele cura os males do mundo pelo rompimento com os sistemas de controle da linguagem, pela destruição de regras sintáticas e gramaticais e por tornar atuais os enunciados virtuais que existem potencialmente no ruído da linguagem maior. Por tudo isso, Deleuze afirma que a Arte é a nossa Saúde, e o artista, o nosso médico, mas também o nosso pervertido, porque ele subverte a linguagem (DELEUZE, 1997).
Quando uma obra de arte é criada, surge uma figura estética, pura potência de afectos, que foi percebida pelo artista. Essa figura, que devém metamorfoseada em símbolo, age no mundo da obra. Ela é um devir sem rosto que formula enunciados virtuais e que faz parte de um povo fraterno e sem história, ainda por vir. Ela é sempre um combate, um jogo de forças, um tudo de vontade, mas não é uma guerra. Uma figura estética não é uma vontade de destruição, nem um juízo que converte destruição em “justiça”. Ela é um combate porque é uma poderosa vitalidade não-orgânica que completa a força com a força e enriquece aquilo de que se apossa. Ela é um centro de metamorfose. Uma figura estética é sempre cruel, embriagada, vital, potente (DELEUZE, GUATTARI, 2000).